terça-feira, 22 de março de 2016

Uma do Lula

Era chamado de Lula, mas seu nome é Edemilson José Silva, grande colaborador e amigo e, às vezes jogava no gol, mas era zagueiro mesmo. Dessas pessoas alegres, que fazem um passeio valer a pena.
E foi num passeio, ou melhor, num jogo do campeonato da favela São Remo, no Rio Pequeno (Butantã) que aconteceu a máxima. Era um jogo classificatório do torneio, mas, por ser um feriado, a partida ganhou status de festival, ou seja, quem vencesse levava um troféu. Aquele time, que tinha Alemão, Dener, Lucas, Edson e etc., já estava se tornando imbatível e o adversário era a Ponte Preta do bairro do Bonfiglioli.
O Lula era muito alto para a idade dele, dava certo temor nos adversários, mas isso, até ele começar a brincar, e, nessa partida ele estava desocupado, nosso time jogava muito e a bola mal chegava à nossa área, e fácil chegamos à vantagem de quatro x zero, tudo muito normal, até conversávamos entre nós e ele, é claro reclamava de estar sem fazer nada. Tudo indicava que não aconteceria nada de mais, até que, quase pra encerrar o tempo, o técnico da Ponte pediu pra substituir o centroavante.
Tudo normal, a não ser o fato do substituto ser um guri, que não media 1 metro e meio de altura, desses garotos que fácil ganham o apelido de Cafu, típico pretinho com cabelos de índio, o calção dele batia nas canelas, foi engraçado ver ele entrar em campo, ainda ajeitando a camisa tamanho grande e foi muito mais engraçado, quando ele se posicionou na meia lua da nossa área, onde se posicionam os atacantes.O Lula(pra fazer graça) saiu da área pra marcar ele de perto.
Sai de perto desse guri_gritei, já sentindo o perigo eminente.
O Lula passou a conversar com o garoto, uma cena digna de comédia pastelão, um gigante e um anão, lá no banco, nós riamos.
Perdemos a bola no meio, o volante jogou a bola com muita força para o ataque, muito forte para o diminuto atacante...num lance de habilidade, o guri esticou a perna e amorteceu a bola com a perna esquerda, a bola ficou ali, parada a seus pés, do nada, com a perna direita bateu de leve e ela subiu, o Lula, que estava ainda perto esticou-se, não adiantou nada, a bola já havia o encoberto, o pequeno já a esperava do outro lado, dessa vez não a amorteceu, deu um leve toque e ela tornou a subir, antes de ela cair, virou o corpo e bateu nela, de voleio.
Já viu 2 times comemorando um gol???Pois, foi isso que aconteceu a seguir.
Maravilhados com o lance aplaudimos o guri, nossos jogadores abraçavam e cumprimentavam como se fosse gol nosso.
No fim do jogo, o Lula entregou nosso troféu pro Cafu.

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